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Dia do Orgulho Autista: Ser autista não significa ser doente, mas sim ser diferente

Por Géssyka Santos
Estagiária/ Uespi

O olhar que evita um contato direto, seja com estranhos ou conhecidos, as diferentes formas de se relacionar, com o coleguinha ou até mesmo com a família, essas e entre outras formas diferentes de se comportar e ver o mundo, podem ser características da pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Camila Kelvia, é encarregada de administração financeira e mãe do Pietro Thomaz, seu único filho, de quatro anos, que tem o Transtorno do Espectro Autista. Camila conta como descobriu a condição do filho, ela diz ter percebido comportamentos que condizem com os do autismo quando ele ainda era um bebê de um ano e cinco meses, mas só teve o diagnóstico clínico no dia 18 de fevereiro de 2021.

“Quando eu descobri, não vou dizer que não foi um baque, porque quando temos o diagnóstico dá aquela emoção por dentro. Eu cheguei a chorar mas eu já estava consciente que ele realmente tinha autismo porque eu já tinha pesquisado, e as ações dele batiam com os sinais do autismo”, relata Camila.

Em entrevista ao Boletim do Sertão, a mãe do Pietro nos conta que algumas das características do autismo que seu filho revelava eram: não atender quando era chamado, andar na ponta dos pés, seletividade com a comida, dificuldade de interação e de falar frases completas, como também repetição de frases das coisas que ele assiste.

Pietro Thomaz. Foto: arquivo da família

Camila explica que antes de ter o Pietro não conhecia os termos: Transtorno do Espectro Autista, “eu não conhecia ninguém com autismo, nunca convivi com uma pessoa com autismo, só passei a conhecer profundamente depois que tive meu filho, é que fui percebendo as características dele, e que ele não estava se desenvolvendo como deveria, principalmente a questão da fala”, conta ela.

“Outra coisa que me chamou a atenção foi a questão dele ter hiperlexia, que para uma criança de um ano e cinco meses, ele já conhecia letras, formas, cores e escrevia, e eu não não achava que uma criança nessa idade já era para saber isso. Essa foi outra característica que me despertou a curiosidade e me levou a buscar saber o que ele tinha”, menciona Camila.

Pietro entrou na escola no ano passado, iniciando seus estudos no Infantil II. E a maior dificuldade para estudar quem apresentou não foi o Pietro, mas sua mãe, pelo mesmo medo de quase todas as mães, em especial daquelas que são mães de crianças com alguma condição diferente, como a do Pietro, o medo dele não ser aceito ou não se adaptar.

Porém, o Pietro, pelo contrário do que a sua temia, superou as expectativas, que segundo sua mãe, se saiu muito bem na escola, mesmo com as dificuldades em termos de interação e comunicação social, “ele vem a cada dia evoluindo positivamente comparado aos seus desempenhos de antes”, revela sua mãe.

Tanto depois da escola como também depois das terapias, Pietro tem melhorado, ele faz acompanhamento com fonoaudiólogo, psicólogo e outros, todos esses tratamentos ajudam o pequeno a ter uma vida melhor, evoluindo e se desenvolvendo constantemente.

O Dia do Orgulho Autista é uma data que foi criada nos Estados Unidos, com o intuito de celebrar e reconhecer a neurodiversidade e o potencial das pessoas que possuem o Transtorno do Espectro Autista, uma condição caracterizada por padrões de comportamento repetitivos e dificuldade de interação social.

A mãe do Pietro, fala da importância desse dia, ela diz: “A data de hoje representa uma forma de conscientização às pessoas, de buscar conhecer o que é o TEA e de saber as características de cada pessoa, das diferenças. Às vezes, os pais acham que quando a criança crescer vai melhorar sem ajuda, mas não, então essas datas são importantes para conscientizar”, ressalta ela.   

O orgulho autista reconhece o potencial inato em todas as pessoas, incluindo os espectros autistas. Essa data é comemorada no dia 18 de junho e foi celebrada pela primeira vez em 2005 pela iniciativa do grupo Aspies for Freedom, uma organização norte-americana liderada por autistas que lutam por seus direitos civis.

Segundo o Correio Braziliense, o TEA atinge de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas. É por isso que no dia de hoje e assim como esse, há outras datas no calendário para conscientização e combate ao preconceito e desinformação sobre o espectro autista.

“A mensagem que eu deixo para as pessoas é que comecem a enxergar o autismo com outros olhos porque o autismo não é uma doença, autismo é uma diferença, uma condição que precisa ser respeitada por todos. As pessoas precisam entender do que se trata o autismo, como as pessoas que têm o transtorno se comportam e assim ter mais empatia com os autistas”, Camila Kelvia.

Informação, respeito, empatia!