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POR QUE AVANÇAR? Um manifesto à Psicologia piauiense

“Há muitos sinais de que estão voltando as cores, e até as mínimas coisas recuperam seu tom” (Wislawa Szymborska)

Por Lucas Bezerra
Acadêmico de Psicologia

Entrei no segundo semestre do ano de 2021 no curso de Psicologia em uma instituição superior de ensino na minha cidade, Picos- PI. Sempre gostei de gente. Sempre gostei de ouvir gente. Com a graduação, aprendi a ter uma escuta clínica qualificada. Ainda sou acadêmico, mas já estive mais longe da tão esperada formatura. Falta pouco. Lembro de todos os desafios, e também das maravilhas de um calouro que queria saber se localizar, e em quem confiar. Tudo estava muito perto, e ao mesmo tempo, longe e complexo. Cuidar da saúde mental de tantas pessoas sempre me pareceu uma responsabilidade incrivelmente prazerosa. Por isso, não canso de me capacitar. Futuramente: Psicólogo como profissão e excelência.

Assumi responsabilidades desde cedo. Aos 18 anos, lecionava filosofia e argumentação para o Enem e concursos. Aos 21 anos de idade, trabalhei como servidor público contratado no CRAS de minha cidade por mais de três anos. Coordenei por quase um ano a Coordenadoria Municipal de Direitos Humanos na Capital do Mel, Picos- PI, e cada vez que eu assumia uma tarefa de extrema importância realidade afora, enquanto que a noite eu tinha que me direcionar ao estudo de minha graduação, meu olhar sobre o mundo e sobre as pessoas evoluía. Avançava. Era a Psicologia fazendo efeito, eram os estudos e as linhas teóricas que aprofundavam minha compreensão acerca dos fatos e dos causos. Perdoem-me os Psicólogos de anos de carreira, mas o brilho de quem está começando com todo o seu fogo e furor, é impagável.

Este brilho e toda essa chama pela Psicologia, fez-me conhecer pessoas queridas e maravilhosas. Melhor. Fez-me admirar pessoas incríveis e necessárias. Algumas eu conheci pessoalmente e mantenho certo contato corriqueiro. Já outras, acompanho virtualmente e torço para encontrar o mais rápido possível, pois quero me cercar de boas pessoas por perto. Aprendi ao longo dos anos, entender as glórias de entrar numa luta por quaisquer que sejam as pautas sociais que possam valer a pena, aprendi, pacientemente, a compreender as nuances da burocracia e as dificuldades que nos são impostas, para que o mínimo tenha garantias, e a utópica vitória completa de algo possa ser motivo de muito anseio. A Psicologia brasileira vive um tempo democrático. Época de eleição, e o Piauí não poderia ser diferente. Aliás, acredito eu, é o Piauí o estado mais importante neste processo eleitoral, pois foi justamente no território piauiense, que uma das principais garantias à categoria foi atendida. Era Dezembro de 2022 quando a lei de número 7.889, que dispõe da jornada de trabalho de 30 horas para psicólogos no estado foi sancionada. Pauta nacional, e o Piauí foi o primeiro a conseguir. Mérito total da atual gestão que compõe o conselho do estado. O famoso CRP21.

A atual gestão sempre se mostrou participativa no que tange os interesses da categoria. Todavia, aqui vai uma terrível sina; Como explicar aos que só sabem pontuar negativamente os atuais conselheiros, que burocracias existem, que o diálogo é necessário para a resolução de algo, mas não é com impulsos que se constrói vocabulário para este mesmo diálogo, que é custoso pagar taxas e mais taxas, mas são essas taxas e anuidades pagas que zelam a categoria, e tantos outros fatores. Notas de repúdio, isoladas de ação prática, não são suficientes. Entretanto, como explicar que num eventual desafio enfrentado, a nota de repúdio deve acalmar os ânimos num primeiro momento, para justamente nos bastidores e nos trâmites que a própria e burocrática legislação brasileira impõem, buscar-se por algo? Tenho que concordar com um fato: Falar sempre foi o meio mais fácil de mostra-se como o melhor, ou a melhor opção. Ser e fazer efetivamente algo é outro nível que poucos conseguem compreender.

Que atual gestão apagada é esta que promove em Picos um processo de capacitação e treinamento para Psicólogos da região no que se refere sobre atuação em desastres, riscos e emergências, quando esta mesma cidade, juntamente com seus habitantes, foi alvo de grandes enchentes? Facilitou a comunicação não robotizada com a categoria e acadêmicos no lançamento de um podcast, finalmente conseguiu uma sede própria. Linda, por sinal. Magnânima. Integrantes representaram o Piauí em fóruns, congressos, deliberaram acerca dos interesses ao bem comum da classe, realização de mostras, e em seminários internacionais como, por exemplo, a integridade e prevenção à corrupção no Esporte, e outros feitos. Existem 44 janelas e abas disponíveis no site do CRP21 que mostram as ações da atual gestão. Abarrotarem críticas me soa como má fé. É torcer contra. É ser contra.

Não conheço pessoalmente a ilustríssima Ivana Amorim, encabeçadora da chapa 12, a Avançar. Mas rendo-me em saudações pelo nome dela aos demais membros que fazem parte deste grupo. O conselho regional de Psicologia no estado do Piauí está em eleição, e é necessário entender como funciona uma eleição, e como se dá o devido processo eleitoral. Em tempos de ascensão do fascismo e de uma dominância autoritária, votar no que rendeu e rende bons frutos é a melhor opção. Não sou votante. Sou um entusiasta de um grupo que milita a favor da Psicologia há muitos anos. Não são os “mesmos dos mesmos”, mas são os mesmos por nós mesmos. O nome está correto. É preciso avançar.

Caminhos existem aos montes. Solução real, apenas uma. Mesmo que eu queira mudar, mudo avançando em algo. Mesmo que eu queira renovar, eu renovo tentando avançar algo, e sendo democrático do jeito que eu sou, a democracia não permite retrocessos, só avanços. Em todos os casos, a Avançar é a melhor opção por livre interpretação, e por consciente voto. Resolvi avançar, pois concordo com a saudosa Elis Regina: “Não tenha medo meu menino bobo. Tudo principia na própria pessoa”.