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Estudantes protestam contra sistema eleitoral da UFPI após reeleição do diretor do Campus de Picos

A reeleição do professor doutor em Linguística, Juscelino Nascimento, para diretor do campus da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Picos, ocorrida na quinta-feira (16), desencadeou uma forte onda de protestos do corpo discente. Na tarde desta sexta-feira (17), estudantes organizaram uma manifestação para expressar sua indignação contra o sistema de ponderação de votos aplicado na contagem eleitoral, que consideram antidemocrático e desrespeitoso à vontade da maioria.

O centro da controvérsia é a regra que atribui um peso de 70% ao voto da classe docente. Segundo os manifestantes, essa desproporção garantiu a vitória do professor Juscelino, mesmo que ele tenha recebido significativamente menos votos nominais do que o candidato opositor.

A frustração estudantil é evidente nas declarações: “Isso é um absurdo, nota que 90 votos de docentes valem mais que 1200 votos de discente,” argumentou um dos estudantes, ressaltando que mais de 300 votos de diferença foram ignorados pelo sistema. Outra crítica apontou a falta de representatividade: “Com um peso de 70% pra professor até eu vencia, o fato é que A MAIORIA dos alunos não votou nele, então dizer que representa a maioria é sacanagem.”

Os alunos alegam que o sistema de ponderação “fere a própria constituição, artigo 5” e que a desvalorização do voto estudantil silencia aqueles que são os “maiores utilizadores do campus” e, portanto, os que “sabem verdadeiramente do que o campus precisa.” A reeleição, vista como uma “vitória amarga”, foi taxada como resultado de um “jogo de interesses e politicagem” em detrimento das “necessidades reais do campus.”

O Centro Acadêmico de Sistemas de Informação (CASI) endossou o protesto e emitiu um manifesto robusto, condenando a prática que “desconsidera a vontade daqueles que constroem diariamente a universidade: os estudantes.”

O CASI enfatizou o valor do voto discente como a “expressão viva da confiança, da escolha e do desejo de participação,” e alertou que ignorá-lo “é enfraquecer o senso de pertencimento e desvalorizar o papel político e social do corpo discente.” O manifesto exigiu uma universidade que pratique a “ética, escuta, responsabilidade e democracia real,” concluindo com o lema: “Democracia se pratica, não se anuncia.”

Apesar de confirmada, a reeleição do professor Juscelino Nascimento é ofuscada pelo acalorado debate provocado pelo protesto dos estudantes, que questionam a legitimidade e a representatividade do modelo eleitoral vigente na UFPI.