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Empresários e promotores de shows acumulam prejuízos incalculáveis durante a pandemia

Imagem ilustrativa. Tendas & Cia

A pandemia do coronavírus afetou a saúde da população, contabilizando dezenas de mortos no Brasil, além de todos os setores da economia. Um dos primeiros a sofrer os impactos negativos foi o ramo da cultura e entretenimento, cujos shows musicais pararam de acontecer tão logo a crise teve início. Antes mesmo dos decretos determinando o isolamento social, o temor de muitas pessoas de ser contaminadas pela Covid-19 as afastou imediatamente das aglomerações. Como já caminhamos para o terceiro mês de quarentena e os índices de infectados só aumentam, os prejuízos pesam cada vez mais sobre quem sobrevive de eventos.

Sobre isso nós conversamos com o promotor de shows musicais, Cibalena Airton, bastante conhecido na região de Picos. Ele relatou que pandemia veio em um período cujo faturamento costuma ser maior devido às inúmeras festas nos municípios vizinhos, além das datas típicas.

“O setor de shows foi o primeiro a ser afetado e com certeza será o último a voltar. Os prejuízos são incalculáveis. Só de abril a julho perdemos cerca de 40 shows. Como em abril é aniversário de muitas cidades e em junho/julho festas de São João, seria época de maior faturamento do ano”, relatou.

Cibalena, que também é dono da casa de eventos Sertão Cube, localizada em Sussuapara, falou ainda que o ramo não tem recebido nenhuma forma de apoio do poder público, e torce para que a medicina avance e garanta a saúde das pessoas para que assim elas possam retomar a sua rotina. “Não temos incentivo de nenhum órgão, nem municipal nem estadual e nem federal. E as previsões não são das melhores. Enquanto não houver uma vacina para passar segurança para todos, é impossível realizar um evento de grande porte”, comentou.

Cibalena Airton. Foto: arquivo do entrevistado

Como não pode haver shows, o jeito é buscar outras alternativas. Cibalena informa que conseguiu alugar estruturas, outro setor com o qual trabalha. “Para ser sincero, o que está me salvando é que trabalho também com aluguel de estrutura. E consegui alugar algumas tendas nesse período”, comentou.

Se reinventar

A saída encontrada por alguns profissionais do ramo, é se reinventar, expressão muito comum nesses dias. A jornalista e empresária Marta Soares, que administra a carreira da cantora Juliana Guedes, informou que tem utilizado os meios online para a transmissão de lives e angariado patrocínios.

“A Juliana vem fazendo apresentações através das suas redes sociais antes mesmo dos decretos que proibiam a realização de eventos. Algumas lives são patrocinadas com valores equivalentes aos que eram obtidos com shows em bares e restaurantes, por exemplo. Outras são para comemorar datas especiais de outras pessoas, como aniversários, onde é cobrado um cachê diferente do que era cobrado anteriormente, mas que diante do atual cenário, tem se mostrado uma alternativa interessante”, relatou Marta.

Outra alternativa encontrada por Marta é a realização do chamado couvert artístico online. “Durante a live, a Juliana deixa as contas bancárias sendo divulgadas e os amigos que querem (e podem) fazer a doação de algum valor. Não estipulamos, deixamos cada um à vontade para doar ou não. Até porque entendemos que o momento é de dificuldade geral”, explicou.

Marta Soares. Foto: arquivo da entrevistada

Marta informou ainda que Juliana foi selecionada para o projeto da Secretaria Estadual de Cultura denominado “Sossega o facho em casa”, que rendeu um cachê de R$ 400,00. Ela está aguardando a lista de aptos para o outro projeto da Secretaria Estadual, “Boca da Noite”. “Lamentamos que localmente não tenham existido alternativas para a classe artística, que está esse tempo todo se reinventando e buscando alternativas para continuar obtendo renda e cumprindo com seus compromissos”, relatou Marta.