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Câmara aprova ‘Lei Antifacção’ com voto dividido na bancada piauiense

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (18), o texto-base do Projeto de Lei (PL) 5582/2025, apelidado de “Lei Antifacção” ou “Marco Legal de Enfrentamento ao Crime Organizado”. O projeto, que endurece as penas e amplia os mecanismos de combate às facções criminosas e milícias no país, recebeu 370 votos favoráveis e 110 contrários.

No Piauí, a votação dividiu a bancada federal: metade dos deputados votou a favor do endurecimento da lei.

Voto Piauiense: 5 a Favor, 3 Contra

Dos dez deputados que representam o Piauí na Câmara, cinco votaram pela aprovação do texto, e três foram contrários. Um parlamentar esteve ausente na sessão.

Votaram a FavorVotaram ContraAusente
Castro Neto (PSD)Dr. Francisco (PT)Marcos Aurélio (PSD)
Elmano Férrer (PP)Florentino Neto (PT)
Jadyel Alencar (Republicanos)Flávio Nogueira (PT)
Júlio César (PSD)Merlong Solano (PT)
Átila Lira (PP)

O Que Muda com o Texto Aprovado

O projeto traz medidas consideradas duras para o crime organizado:

  • Aumento de Penas: A reclusão para integrantes de facções e milícias passará a variar de 20 a 40 anos, podendo atingir 66 anos no caso de líderes.
  • Gestão de Bens: Prevê a apreensão antecipada de bens e a possibilidade de perdimento do patrimônio antes mesmo da decisão final da Justiça.
  • Restrições de Benefícios: Membros dessas organizações terão requisitos mais rigorosos para progressão de regime e ficam proibidos de receber benefícios como anistia, indulto, graça ou liberdade condicional.
  • Outras Medidas: Inclui a realização de audiências de custódia por videoconferência, julgamento de homicídios praticados por facções por colegiados de primeira instância e a criação da definição de “organização criminosa ultraviolenta”.

Debate Intenso e Críticas do Governo

O texto final foi defendido pelo relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), que apresentou cinco versões ao longo da tramitação. Derrite afirmou que o país precisa de uma “legislação de guerra em tempo de paz” para o enfrentamento ao crime organizado.

Apesar da ampla aprovação, parlamentares da base governista criticaram o texto, alegando que mudanças realizadas desfiguraram a proposta enviada originalmente pelo Executivo. Eles argumentam que o relatório criou etapas que podem atrasar o confisco de patrimônio e retirou autonomia da Polícia Federal na gestão dos bens apreendidos. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) anunciou que a base trabalhará para resgatar pontos do texto original no Senado.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), manteve o projeto em pauta, classificando-o como “a resposta mais dura da história” da Casa contra o crime organizado, citando ainda medidas como o envio direto de chefes de facções para presídios federais.