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Boletim do Sertão Entrevista: Ana Carla Martins e o empreendedorismo feminino

Ana Carla Martins. Foto: arquivo da entrevistada

Por Maria Gizelly
Estagiária Faculdade R.Sá

O Boletim do Sertão trouxe uma entrevista com a santa-cruzense Ana Carla Martins, 39 anos. Uma mulher forte que encara os desafios para conseguir seu espaço no mercado através do empreendedorismo feminino. Conheça um pouco sobre a trajetória profissional da empreendedora que inspira muitas mulheres.

Ana Carla Gonçalves Rodrigues Martins é advogada, professora, consultora de negócios /imagens, e proprietária da loja Ana C Store em Santa Cruz do Piauí.

B. S- Como você começou a trabalhar na área?

Ana Carla- Eu sempre gostei de me relacionar com pessoas, sempre gostei de conversar, manter vínculos, fazer amizades e foi aí que eu vi que eu gostava de vender, porque vender é muito sobre isso, é muito sobre você gostar de pessoas, gostar de se relacionar com pessoas. Desde que eu fazia faculdade eu sempre vendia algo, vendia chocolate, brigadeiro, lingerie, bijuterias, eu sempre estava vendendo alguma coisa, e aquilo para mim era natural, era algo que eu gostava, que eu me identificava, e também sempre me identifiquei muito com a questão do público feminino, do empoderamento feminino. Eu me formei em 2007 e em 2005 eu já vendia, há 17 anos atrás. Eu sempre gostei de pauta sobre mulheres e eu nunca me imaginei vendendo para homens, meu foco realmente era vender para mulheres.

Eu me formei em advogada, ser advogada também era empreender você é uma profissional autônoma, liberal, que vai ter que vender a sua imagem, o seu conhecimento, ir em busca dos seus clientes, em busca de fazer o seu nome, de traçar toda a estratégia da sua carreira, e eu parei um pouco as vendas depois que me formei. Comecei a trabalhar como advogada, depois eu saí, fiz essa transição de carreira, deixei de ser advogada porque eu não me identificava, não era o que eu queria, passei a ser só professora e trabalhar no serviço público, em 2013 eu passei a vender novamente. Comecei a vender bijuteria, meio sem estratégia, meio sem planejamento, vendia bijuteria, maquiagem, vendia o que aparecesse, não tinha um foco, ou um produto específico, algo que eu realmente quisesse me dedicar, estudar e me aprimorar.

B.S- Você sempre almejou ser empreendedora?

Ana Carla- Eu sempre tive vontade de ser empreendedora. Quando eu era pequena sempre gostei desse tipo de profissão que possibilitasse se relacionar com as pessoas. Conversar, ter relacionamento mais próximo, ter essa ligação, e eu sempre gostei de comprar e vender. Então todo esse universo da venda e do que ele propicia, porque não é uma profissão parada, fixa, você está ali se movimentando, é uma coisa nova, é algo que você vai interagindo, e eu sempre gostei muito disso. Eu sempre achei que eu fosse ser empreendedora, eu não sabia ao certo em que área, não sabia se queria oferecer um produto ou serviço, mas, sabia que queria viver nesse universo do empreendedorismo.

Ana Carla Martins. Foto: arquivo da entrevistada

B.S- Do que mais gosta no seu trabalho?

Ana Carla- O que eu mais gosto é justamente a possibilidade de se reinventar, a possibilidade de os dias serem diferentes, todos os dias são novas propostas, novos desafios, novas coisas que nos aparecem, não é algo monótono, parado, fixo, eu sempre tive muita dificuldade com esse formato de trabalho engessado. Então, o que mais gosto no empreendedorismo é justamente esse ar de liberdade que ele propõe, claro que dentro do possível, porque eu não estou falando que ser empreendedor é não ter responsabilidade, é não ter compromisso, é ser só livre, mas eu gosto de me sentir livre, de poder traçar um novo rumo, e colocar minhas ideias em pratica e não tenho que seguir um padrão.

B.S- Na sua opinião qual a parte mais desafiadora da sua profissão?

Ana Carla- A parte mais desafiadora é porque muitas vezes você não tem o conforto de que se não der certo você é funcionária e vai ter o salário garantido no final do mês. Ser empreendedor é todos os dias sentir aquele frio na barriga, apostar que vai dar certo e fazer tudo para dá, mas, ao mesmo tempo a gente não tem nenhuma garantia. Então é como se realmente você se se jogasse no abismo todos os dias, é aquela história que o empreendedor sai de casa todos os dias pronto para matar um leão. A gente como empreendedor dono do nosso próprio negócio trabalha muito mais e todos os riscos são nossos, mas, quando a gente é empreendedor, tem que ser adulto e responsável o suficiente para saber que todos os riscos são nossos.

B.S- Como é ser mulher no ramo do empreendedorismo?

Ana Carla- A mulher combina muito com o empreendedorismo, não é atoa que hoje em dia a maior parte dos negócios, grande parte dos negócios brasileiros são gerenciados por mulheres. A mulheres têm talento, força de vontade, garra, determinação, as mulheres têm diversas habilidades, gostam de conversar, inovar, aprender, estudar, então assim, cada dia é mais forte e real essa ligação das mulheres com o empreendedorismo. Mulheres são donas de casa, são mães, e mesmo assim tem uma história de dedicação, superação, resolvem abdicar o conforto de esperar por marido, por um parceiro, por um emprego fixo, muitas mulheres que resolvem acreditar no seu sonho e realmente seguir como empreendedoras.

B.S- Sentiu algum desafio na sua carreira por ser mulher?

Ana Carla- de um jeito não tão romântico sobre o empreendedorismo, nós mulheres ainda enfrentamos alguns desafios. Porque nós quebramos um padrão, padrão cultural de que os negócios eram geridos por homens, a gente tem aí uma história muito longa de homens empreendedores, de homens a frente de grandes empresas, bancos, gerenciando redes de comunicações, empresas nacionais, multinacionais, de homens a frente de várias outras profissões. Infelizmente nós mulheres, por muito tempo nós sofremos muita discriminação do empreendedorismo, mas, com o passar dos tempos as mulheres quebraram essas barreiras, podendo ocupar grande lugares e de grande destaque no mundo do empreendedorismo.

B.S- Que conselhos daria para uma mulher que iniciando na carreira do empreendedorismo?

Ana Carla- É os conselhos que eu poderia dar paras mulheres que querem iniciar nesse universo do empreendedorismo é para realmente não desistirem, acreditarem em si, porque muitas vezes nós tendemos a querer aprovação, do companheiro, do pai, da mãe, dos familiares, e muitas vezes nós necessitamos que eles digam, tenta, coloca o teu negócio que vai dar certo, e muitas vezes nós ficamos reféns dessa aprovação. Por muito tempo eu esperei que meus familiares me encorajassem a empreender, já que viam a minha vontade, porém, isso nunca aconteceu, e muitas vezes pensei em desistir, por não ter apoio e nem o capital para investir. Em 2015 eu resolvi estudar, fiz curso de consultoria de negócios e imagens, como eu sabia que queria trabalhar com o público feminino, procurei um nicho especifico da moda feminina e estudei bastante, pois a falta de conhecimento e preparo faz com que o negócio não dê certo, e em 2019 eu abri a minha loja física. O conselho é esse, estudem o seu nicho, área de atuação, o público, veja o que pode ser melhorado, buscando novidades e tendências do seu nicho, para que você possa estar com seu empreendimento ajustado, fechando todos os pontos de erros que possam levar o seu empreendimento a não dá certo.

B.S- Qual mensagem você gostaria de deixar para as mulheres no dia internacional da mulher?

Ana Carla- Para as mulheres empreendedoras ou não, nesse dia tão especial, que é um dia de reflexão, embora a gente saiba que um dia apenas em 365 é muito pouco para refletir sobre o papel da mulher, porque é um papel imenso, muito forte, e muito bonito na nossa sociedade. E a mensagem que eu quero deixar é que realmente cada vez mais, nós mulheres possamos entender o tamanho do nosso valor, nos valorizar enquanto passamos a buscar sempre o melhor para nós mesmas, porque nós mulheres muitas vezes tendemos a pensar nos familiares, pai, mãe, companheiro, filho, em todo mundo, e muitas vezes esquecemos de olhar para a gente. Então, que nós possamos olhar cada vez mais para dentro de si, possamos lutar pelos nossos sonhos, nos ouvir, nos aplaudir, nos valorizar, e que possamos honrar nossa história, ter orgulho da mulher que nos tornamos, porque é claro que a gente passa por muitos desafios da vida, momentos difíceis no qual conseguimos vencer. É importante celebrar cada conquista por menor que seja, nós devemos valorizar a nossa importância dentro da sociedade, e celebrar não só hoje, mas todos os dias.