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Embarque de 95 toneladas de mel produzido no Piauí é liberado após apelo da Casa Apis aos compradores americanos

Imagem: TV Clube

Após intensa mobilização da cadeia produtiva apícola do semiárido piauiense, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), com sede em Picos, confirmou na segunda-feira (14) que foi liberado o embarque de 95 toneladas de mel orgânico com destino aos Estados Unidos. A carga havia sido retida por decisão dos clientes norte-americanos, temendo os impactos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente Donald Trump, com vigência prevista para 1º de agosto.

O mel foi produzido por pequenos apicultores do Sul do Piauí, com apoio da agricultura familiar, e já se encontrava no Porto do Pecém, no Ceará, a mais de 500 quilômetros da sede da cooperativa. A exportação, inicialmente prevista para sexta-feira (11), chegou a ser suspensa pelos compradores, que receavam que a mercadoria chegasse aos EUA após o início da nova taxação.

“Há mais de 15 anos trabalhamos com esses clientes. Na sexta-feira, fomos surpreendidos com a solicitação de suspensão do envio. Graças a Deus, recebemos a notícia ontem à noite de que o embarque foi liberado, atendendo à nossa solicitação feita aos clientes”, afirmou Sitônio Dantas, presidente da Casa Apis, em entrevista ao portal g1.

Sitônio explicou que os contêineres foram distribuídos entre navios com rotas diferentes, o que pode fazer com que parte da carga chegue aos Estados Unidos antes da tarifa entrar em vigor. Ainda assim, existe o risco de que alguns lotes sejam taxados. Segundo ele, os compradores decidiram assumir esse risco em consideração à longa parceria comercial com os apicultores piauienses.

Além da Casa Apis, outra grande exportadora do setor, o Grupo Sama, ainda enfrenta dificuldades para realizar o envio de uma carga superior a 500 toneladas de mel. De acordo com o CEO da empresa, Samuel Araújo, as negociações seguem em andamento.

O episódio acende um alerta sobre a dependência do mercado americano, que consome cerca de 80% do mel exportado pelo Brasil — sendo o Piauí o líder nacional nas exportações do produto em 2024, com forte atuação no segmento de mel orgânico.