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93% dos piauienses precisarão de mais de um ano para recuperar renda perdida na pandemia

O Dia

O Piauí é o estado do Nordeste que mais sofre com os impactos financeiros da pandemia de covid-19 e os piauienses são os mais pessimistas em relação à recuperação do que foi perdido de sua renda durante a crise sanitária. É isto o que aponta a pesquisa da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), divulgada no começo desta semana.

O estudo inclui representantes de entes governamentais e associações municipalistas, instituições de categorias profissionais da agricultura, agropecuária, indústria, comércio de bens e serviços, turismo, além de setores produtivos como empreendedores formais e informais, e a sociedade em geral que reside na área de atuação da Sudene.

Os dados apontam que 79% dos piauienses entrevistados relataram ter sofrido em algum aspecto da vida com a pandemia de covid e que 37% são pessimistas na perspectiva de recuperar sua renda pessoal após a crise sanitária. Analisando o tempo de recuperação financeira após a pandemia e considerando sua distribuição por unidade da federação, 93% dos moradores do Piauí disseram ser necessário um período superior a um ano para retomar a renda pessoal que tinha antes do coronavírus.

Questionados sobre o que seria necessário acontecer para que esta recuperação financeira viesse, 49% dos piauienses responderam que a melhor forma seria conseguir ou trocar de emprego, ou aumentar a renda pessoal com algum outro complemento. A pesquisa aponta que os piauienses também são os que mais sofreram perdas na renda domiciliar, ou seja, no ganho de todos os integrantes da família somados. Pelo menos 66% disseram ver a média de renda domiciliar cair durante a pandemia.

Outro aspecto sobre o qual o levantamento da Sudene se debruçou foram os benefícios concedidos pelos entes governamentais durante a pandemia. Pelo menos 75% dos piauienses disseram ter tido acesso ao programa de renda básica emergencial e 92% usaram o auxílio do governo federal para comprar alimentos. Outros 26% afirmaram ter tido acesso ao programa emergencial de manutenção do emprego e da renda.

Isso colocou o Piauí como o terceiro estado nordestino mais assistido pelas políticas assistencialistas do poder público, ficando atrás somente do Rio Grande do Norte (44%) e de Alagoas (37%). A própria Sudene afirma que os piauienses foram os que mais necessitaram de suporte de outros programas sociais na pandemia.

O estudo da Sudene também analisou as dinâmicas do mercado de trabalho na região durante a pandemia. Chama atenção o fato de 58% dos residentes do Piauí consultados na pesquisa terem afirmado que alguém de seu domicílio perdeu o emprego durante a crise. Essa perda de vagas no mercado formal de trabalho acabou puxando para cima outro índice: a necessidade de aprender novas habilidades para poder manter a renda mínima e sobreviver. De acordo com a pesquisa da Sudene, 82% dos entrevistados do Piauí responderam que tiveram que aprender ou desenvolver novas habilidades, sejam elas manuais ou intelectuais, em meio à pandemia.

Pandemia impactou hábitos cotidianos

Uma simples ida ao supermercado se tornou motivo de preocupação por parte dos brasileiros, em especial dos piauienses, durante a pandemia. Com a alta da inflação, os preços de produtos básicos na alimentação como arroz, feijão e carne subiram significativamente e isso acabou por impactar na forma como as pessoas consomem certos nutrientes. Segundo os dados da Sudene, 55% dos piauienses assumiram terem reduzido o consumo de alimentos frescos durante a pandemia. É o maior índice do Nordeste.

E não só à alimentação se restringiram os impactos: 66% dos residentes no Piauí consultados pelo estudo disseram ter reduzido o uso de serviços de transporte em geral mesmo após a flexibilização da economia; e 88% afirmaram ter reduzido a ida a bares e restaurantes.

Fonte: O Dia
Maria Clara Estrêla