O Ministério da Saúde (MS) emitiu um alerta nacional, nessa segunda-feira (13), para que estados e municípios intensifiquem a vigilância e as ações de vacinação diante da confirmação de 34 casos de sarampo no Brasil este ano, até a Semana Epidemiológica 38 (29 de setembro a 5 de outubro). A principal preocupação da pasta é conter a circulação e evitar a reintrodução do vírus no país.
Os estados do Tocantins, Maranhão e Mato Grosso já estão classificados em situação de surto da doença, que é altamente contagiosa.
O Risco da Baixa Cobertura Vacinal
Dos casos confirmados, a maioria está ligada a viagens internacionais: nove foram importados por brasileiros que retornaram do exterior, 22 tiveram contato com pessoas infectadas fora do país e três são compatíveis geneticamente com vírus de outras nações. No entanto, o surgimento de surtos locais evidencia uma falha crítica na proteção da população.
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, é categórica ao apontar a baixa cobertura vacinal como o fator que permitiu o ressurgimento da doença.
“O sarampo antes entrava e encontrava todo mundo vacinado e não causava surto. Agora ele chega e encontra várias pessoas suscetíveis,” explica a especialista. A eficácia da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) é de 98% e sua aplicação é a única forma de prevenção.
Surtos Ativos no País
Os surtos atuais, associados ao retorno de brasileiros que estiveram na Bolívia, demonstram como a doença se propaga rapidamente em comunidades desprotegidas:
- Tocantins: O surto começou em julho no município de Campos Lindos, na divisa com o Maranhão, após o retorno de quatro brasileiros da Bolívia. A baixa adesão à vacinação na comunidade facilitou a transmissão.
- Maranhão: Um caso confirmado na cidade de Carolina (divisa com Tocantins) é de uma mulher não vacinada que teve contato com a comunidade de Campos Lindos.
- Mato Grosso: O surto em Primavera do Leste envolveu três pessoas da mesma família, todas não vacinadas e infectadas após contato com brasileiros que vieram da Bolívia.
Cobertura em Queda
Os dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) confirmam a vulnerabilidade. Embora o Brasil tenha alcançado uma cobertura de 95,7% na primeira dose da tríplice viral em 2024, houve uma queda em 2025, ficando abaixo da meta de 95%. Os dados preliminares de 2025 mostram:
- 1ª dose: 91,2% (abaixo da meta de 95%)
- 2ª dose: 74,6%
A queda coloca o Brasil em risco, especialmente devido à não homogeneidade da vacinação. Como explica Ballalai, em um país continental, a média nacional pode mascarar bolsões de baixa cobertura em diversos municípios. A falta de percepção de risco por parte da população é um fator que dificulta a adesão à vacina.
Cenário Global de Alerta
O Brasil reflete uma preocupação global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou 164.582 casos confirmados em 173 países, desde o início do ano até 9 de setembro. Nas Américas, foram 11.691 casos com 25 mortes, com surtos ativos em países vizinhos como Bolívia (320 casos), Paraguai (50) e Peru (quatro).
O Ministério da Saúde reitera a necessidade urgente de reforçar a vacinação em todas as faixas etárias e manter a vigilância ativa para evitar que o sarampo, um vírus altamente contagioso (um infectado pode transmitir para até 16 pessoas não imunizadas), volte a se alastrar no Brasil.
Com informações da Agência Brasil