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Secretário diz que não tem como barrar saída de paciente do Maranhão para o Piauí

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O secretário Estadual de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, afirmou nesta segunda-feira (11) que não tem como estabelecer fronteiras rígidas entre o Piauí e o Maranhão, devido a relação cultural entre os dois estados, principalmente no atendimento a saúde. Carlos Lula considerou “irrisório” e “não relevante” a quantia de 85 pacientes do Maranhão que buscaram atendimento em hospitais de Teresina.

“O rio Parnaíba sempre uniu o Piauí e o Maranhão. Não vai ser a doença que vai nos afastar”, disse o secretário, que concedeu entrevista ao Notícia da Manhã.

Mesmo com leitos desocupados no município maranhense de Timon, 85 pacientes do estado vizinho com sintomas do novo coronavírus procuraram atendimento em Teresina, no Piauí. Carlos Lula pontua que o sistema de saúde no Brasil é único e que os casos não impactam no Piauí.

“A gente sempre teve, infelizmente, essa migração de maranhenses para o sistema de saúde no Piauí e a gente começou a mudar essa realidade nos últimos anos. Tanto hoje temos um sistema de saúde interiorizado, algo que não acontecia há 50 anos, e aí a gente passou a ter um sistema maior que o Piauí. Mas tenho um problema cultural de décadas e isso não vai deixar de acontecer. 85 pacientes em Teresina, eu diria que é um número pequeno, não é revelante e não vai causar impacto na saúde de Teresina”, explica Lula.

Em entrevista ao Notícia da Manhã, ele disse que foram disponibilizados leitos recém-inaugurados em Timon-MA que também estão disponíveis para Teresina.

“Para se ter uma ideia, em cada UPA do Maranhão, a gente atende uma média de 1 mil pacientes por dia. Então, 85 pessoas que estão na rede de saúde em Teresina é um número pequeno […] se fosse há cinco anos esse número seria bem maior e bem mais impactante. Nesse momento agora, tenho certeza que esse número é irrisório e não vai causar transtornos à rede de saúde do Piauí”, explica Carlos Lula.

O secretário disse ainda que não tem como estabelecer fronteiras entre os dois estados para limitar a busca por atendimento de pacientes do Maranhão no Piauí.

“No interior do Maranhão, temos pouco mais de 50% de ocupação dos leitos. Só que se a pessoa se desespera e vai atrás de um sistema de saúde que ela acha que está mais preparado, eu não tenho como tirar essa pessoa da porta do hospital. A gente tem conversado, tenho uma ótima relação com o secretário de Saúde do Piauí (Florentino Neto) […] uma parte dos maranhenses têm Teresina como referência por conta da distância porque é mais perto chegar em Teresina que chegar em São Luís, por exemplo, e esse fluxo vai acontecer. Mas, na medida do possível, estamos fazendo tudo para evitar isso porque temos leitos vagos em Timon e outras UTis. Temos mais de 900 respiradores em funcionamento no estado pra Covid e não Covid, mas nem sempre o maranhense busca esse sistema por conta de algo cultural”, reitera Lula.

De acordo com o boletim mais recente da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Maranhão chegou a 399 mortes por Covid-19 e 8.144 pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Graciane Sousa
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