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Reportagem especial: jovens relatam constrangimento sofrido com atos de assédio

Haady Hawanna e Marla Silva. Foto: arquivo das entrevistadas

Por Wanantha Borges/Estagiária

O assédio sexual pode ser definido como uma forma de violência contra a mulher. Comentários machistas, indesejados e de cunho sexista, são atos que não passam desapercebidos para quem sofre esse tipo de constrangimento. Seja na rua, no trabalho, no transporte público, redes sociais e até mesmo no ambiente familiar e educacional, muitas mulheres vivenciam situações desagradáveis, que provocam mal-estar e, às vezes, sérios danos.

A professora de dança Haady Hawanna, de 22 anos, descreve o assédio sexual como o ato de constranger alguém por meio de um comportamento inaceitável de carácter sexual, seja com palavras ou de forma física, desestabilizando a vítima. Ela diz que se sente indignada quando passa por esse tipo de incidente. “Me sinto constrangida, revoltada e com muita vergonha”, protestou.

Haady comenta que já sofreu assédio por mensagens telefônicas, no trabalho, na rua e na escola, a ponto de querer mudar as roupas que vestia e também evitar passar por determinados lugares. A professora frisa que já vivenviou situações bem graves.

“Já fui assediada por uma pessoa da minha família, e foi uma experiência horrível, a pior que já tive. Senti-me impotente, não tive coragem de contar a minha família, porque como ele dizia, era minha palavra contra a dele, e foi o que realmente aconteceu, com um tempo criei coragem e contei, mas ninguém acreditou”, destaca Haady.

Outro fator que requer atenção é a questão profissional. Exercer determinada profissão muitas vezes significa ter de lidar com comentários não desejados, pois muitos não saberiam diferenciar elogios de assédio.

A profissão de dançarina, por exemplo, é alvo de afirmações inverídicas, que contribuem muito para as pessoas acharem que é “normal” praticar assédio contra jovens que trabalham nessa área. “Assédio para mim é forçar algo que eu não quero, é me deixar constrangida com comentários machistas, é o olhar desconfortante”, afirma a dançarina Marla Silva.

Marla, que tem apenas 19 anos, comenta que passa frequentemente por atos indesejados de assédio, principalmente por mensagens de celular e quando passa por algum grupo de homens na rua. “Sinto-me constrangida, me sinto insegura, tenho medo. Muitas vezes, na minha cidade tem ruas que sempre evito passar, apesar de já ter reclamado com eles, mesmo assim continuam”, lamentou.

Segundo Marla essa situação foi piorando e atualmente ela teve que tomar uma atitude mais rigorosa, decidindo entrar com um processo judicial contra o assediador.

O assédio sexual é crime previsto em lei e deve ser denunciado às autoridades competentes. Em Picos existe a Delegacia da Mulher que cuida desses casos.