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Psicóloga fala sobre o ano de pandemia e como lidar com o sofrimento e o medo

Psicologa Flávia Marcelly. Foto: arquivo da entrevistada

A pandemia do coronavírus chegou ao Brasil há pouco mais de um ano, provocando, até o momento, 300 mil mortes e contaminando mais de 11 milhões de pessoas. Além do medo da Covid-19, a população tem de lidar com as incertezas provocadas pela doença, que parece não ter um prazo para diminuir. Dependemos do andamento da vacinação. Enquanto isso, os casos de infecção continuam crescendo. Tudo isso afeta o psicológico das pessoas. Sobre o assunto, a psicóloga, doutoranda e professora da Faculdade R.Sá, Flávia Marcelly, falou ao Boletim do Sertão sobre como a saúde mental da população tem sido afetada após esse longo período e as formas de lidar com esse momento que se prolonga.

Confira o texto da psicóloga

De acordo com Pavani e colaboradores (2021) diante da pandemia da COVID-19, de sua gravidade e das repercussões psicossociais que essa doença pode gerar, a atenção em saúde mental tem sido abordada como um dos desafios para o seu enfrentamento, pois o cuidado é direcionado, prioritariamente, às questões clínicas e científicas para o desenvolvimento da cura e/ou da recuperação dos órgãos e sistemas atingidos.

Em um estudo relatado pelos mesmos foram identificados três eventos como colaboradores para manifestações de sofrimento mental (estresse, depressão, medo, ansiedade, insônia) durante o surgimento do novo coronavírus: a confirmação de que o novo coronavírus é transmitido entre humanos; a realização de medidas de isolamento como única forma, até o momento, de diminuir a disseminação da doença; e a confirmação, por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), de que a COVID-19 se configura uma pandemia.

Ademais, passado um ano deste momento pandêmico percebe-se a proliferação e a intensidade de acometimentos psicológicos (e.g, transtornos de ansiedade, depressão, crises de pânico, estresse pós-traumático). A alteração dos processos de rituais de luto em decorrência das mortes da COVID – 19 também são outro fator que interfere na saúde mental dos indivíduos.

Na atual situação de pandemia da COVID-19 é comum ter sentimentos e emoções negativas, como medo, tristeza, raiva e solidão, além de ansiedade e estresse. O excesso de notícias sobre a pandemia, a mudança de rotina, o distanciamento físico, e as consequências econômicas, sociais e políticas relativas a esse novo cenário podem aumentar ou prolongar esse desconforto emocional. Dar conta desses desafios atuais pode não ser uma tarefa fácil para todos. Podemos sentir que estamos sobrecarregados, especialmente quando pensamos ou sentimos que: • não conseguimos fazer as coisas do nosso jeito; • não temos capacidade para lidar com os desafios; • não contamos com o apoio necessário de pessoas que são, para nós, importantes.

Assim, estratégias e aspectos importantes de enfrentamento nesse momento importante são importantes: aceitar o que sente; Validar e considerar suas conquistas diárias; Presentificação, “focar no aqui e agora” – contemplar o espaço; Saiba diferenciar o que você controla e o que você não controla. Buscar quando necessário atendimento psicológico e psiquiátrico.