CulturaDestaques

Professor de história explica diferentes visões sobre Tiradentes

Arquivo do entrevistado

Neste 21 de abril, feriado nacional, celebramos a figura histórica de Joaquim José da Silva Xavier, ou, simplesmente, o Tiradentes. Para falar um pouco sobre esse dia entrevistamos o professor de história da rede pública e privada de ensino, Richardy Leal. Ele explica que há duas visões diferentes a respeito de Tiradentes. Durante muito tempo o personagem foi visto como um herói inconteste do Brasil, mas atualmente é realizada uma releitura sobre a importância do inconfidente mineiro para a independência do país.

“A versão convencional é aquela que nós temos, um líder pobre que esteve ali liderando a Inconfidência Mineira, que aconteceu em 1789, mesmo ano da Revolução Francesa. A inconfidência vai inaugurar um processo de independência do Brasil que vai durar até 07 de setembro de 1822”, relatou.

O professor relembra que Tiradentes foi uma das pessoas mortas nesse contexto, embora não tenha sido o única. “Só para se ter ideia, a leitura da sentença dele durou mais de 30 dias, tamanhas as acusações e punições, fora isso houve a destruição da sua casa, parentes de primeiro grau foram presos, foi uma punição muito severa”, frisou.

Toda essa ação da Coroa portuguesa contra Tiradentes e sua família pode ser entendida como uma forma de intimidar futuros líderes emancipacionistas do Brasil, então uma colônia de Portugal.

Contudo, há outra visão que os historiadores vem estudando e procurado expor para a sociedade. “A outra interpretação, e essa é bem nova, bem recente, já foi até questão de ENEM, é de que o Tiradentes não é essa Coca Cola toda, ele é um personagem importante da história, participou da Inconfidência Mineira, mas simplesmente foi alçado a questão de mito pelos militares, no final do século XIX, por causa da proclamação da República”, explica.

Era desejo dos militares romper qualquer resquício de laço com Portugal. “Então eles pegaram Tiradentes, até então desconhecido, apenas um rebelde que morreu, que foi executado, e fizeram o trabalho de construção do mito, inclusive colocando o feriado de 21 de abril (data da sua morte ocorrida em 1792) no calendário nacional”, explicou.

Richardy disse que costuma fazer uma indagação aos alunos durante as aulas quanto a figura do inconfidente. “Mas sempre que vou dar aula costumo perguntar: se o Tiradentes não tivesse morrido a Independência do Brasil não teria acontecido, 30 anos depois? E logo em seguida estimulo os alunos a responder, e obviamente que a independência ia acontecer porque era uma questão natural, do próprio capitalismo industrial daquela época”, relatou.