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Morre, aos 81 anos, a cantora e compositora Maria da Inglaterra

arquivo Cidadeverde.com

Morreu, aos 81 anos, às 22h10 desta quinta-feira, a cantora Maria da Inglaterra. Ela estava internada há cinco dias no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e a causa da morte foi doença renal crônica aguda. A confirmação da morte foi feita pelo produtor cultural e ex-empresário da artista, José Dantas.

Em entrevista ontem ao Cidadeverde.com, o filho da artista, Deusimar dos Santos Silva, ressaltou que a mãe estava com apenas 24% dos rins funcionando e familiares aguardavam avaliação de um especialista sobre a possibilidadade da mesma fazer hemodiálise.

“Ela estava sem fala e quase sem batimentos quando a levamos a um hospital do bairro. Lá perceberam que o quadro dela era mais grave e encaminharam para o HUT. Até achamos estranho porque ela estava só com dores no abdômen, falta de apetite e diarreia”, disse o filho.

O sepultamento de Maria da Inglaterra está previsto para às 11h, desta sexta-feira (08).

Personalidade popular e querida em todo o estado do Piauí, Maria da Inglaterra era muito considerada por seu talento e sabedoria no modo de viver. Em 1975, foi descoberta por Ricardo Cravo Albin, quando, em viagem pelo Brasil através do PAC – Plano de Ação Cultural do Ministério da Educação e Cultura – berço da futura FUNARTE, atraves do projeto História da Música Popular Basileira “De Chiquinha Gonzaga a Paulinho da Viola”.

Na ocasião, o pesquisador, impressionado com sua postura, que evocava ares de nobreza, a apelidou de Maria da Inglaterra, dando-lhe assim o nome artístico com o qual ficou conhecida por todos. Sua música penetra, inclusive, nas regões interiores próximas ao seu estado natal. Começou a cantar para o público aos 26 anos, tendo Luiz Gonzaga como ídolo.

Dois anos antes, Maria da Inglaterra venceu o Festival Universitário de Teresina com a canção “O Peru Rodou”. Sem saber ler, nem escrever, iniciou a compor a partir de uma visão que teve – segundo seu relato – numa noite, quando se preparava para dormir: “Vi, vindo pela janela, uma luz que veio se aproximando e, então, ouviu uma voz, de um homem e de uma mulher, que me disse: “Maria, vamos cantar”. As duas vozes lhe avisaram que ela iria sofrer muito, mas ia vencer cantando. E, então, teria que passar um ano na terra onde eles moraram – a praia de Boa Viagem”.

Desde então, ela passou a compor quase todos os dias. Seu marido a ajudava escrevendo as letras da músicas que compunha. Com sua morte, Maria passou a gravar sua composições num aparelho gravador. Em 2008, através do produtor José Campos e o apoio da prefeitura de Teresina, lançou dois CDs, registrando diversas composições.

Em março de 2009, aos 70 anos, foi destaque como personalidade feminina no dia internacional da mulher no programa “Domingão do Faustão”, na TV Globo. No evento, foi entrevistada pelo apresentador Fausto Silva, que mostrou depoimento de Ricardo Cravo Albin sobre seu talento e importância no cenário da música popular brasileira. Nesse evento, interpretou 3 composições suas, sendo uma delas a “O Peru Rodou”, composta na ocasião da morte do cantor Agostinho dos Santos, num acidente aéreo.

Natural de Luzilândia, no interior do Piauí, Maria da Inglaterra é uma das maiores referências da música e do folclore piauiense e tem cerca de 2000 composições.

Maria da Inglaterra, cujo nome de batismo é Maria Luiza dos Santos Silva, morava com o filho e ao longo da vida perdeu 70% da visão. Sem fazer shows há algum tempo, os dois sobrevivem da aposentadoria da artista. No HUT, Deusimar e a irmã se revezavam nos cuidados com a mãe.

Por Péricles Mendel e Graciane Sousa
Com informações de dicionariompb.com.br