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Marcelo Castro chama Brasil de “vergonha mundial” e diz: “não há mais tolerância com ministério”

Foto: Roberta Aline

A morte do senador Major Olímpio (PSL-SP), vítima da covid-19, deixou o Senado Federal em alerta por conta do agravamento da pandemia no Brasil. Ele foi o terceiro senador a morrer vítima da doença. Antes dele, morreram os senadores José Maranhão, em fevereiro, e Arolde de Oliveira, em outubro. Para alguns parlamentares da Casa, entre eles o senador piauiense Marcelo Castro (MDB), o Congresso Nacional não pode ter mais complacência com a condução do Ministério da Saúde no combate à pandemia.

“A classe política fez críticas à condução do Ministério da Saúde em relação à pandemia, mas de certa forma tem havido uma certa tolerância, complacência, compreensão. Acho que daqui para frente não vai ter mais. Agora tem que ser preto no branco, a ciência em primeiro lugar. Não poderá haver mais complacência”, disse Marcelo Castro em entrevista ao programa Cidade Verde Notícias, da Rádio Cidade Verde nesta sexta-feira (19).

O senador definiu o Brasil como a “vergonha mundial no combate à pandemia” e citou os Estados Unidos como exemplo no combate ao coronavírus.

“Somos hoje a vergonha mundial no combate à pandemia. Não tem comparação. Os Estados Unidos tinham 4 mil mortes por dia, mudou de presidente, mudou a postura, as pessoas passaram a usar máscara, as vacinas se intensificaram, a curva caiu vertiginosamente. As mortes caíram de 4 mil para 1.300 por dia. No Reino Unido, Itália, França, em todo lugar está caindo e o Brasil nesse estado. Isso é constrangedor”, declarou.

Para Marcelo Castro, “não há mais justificativa, não há mais tolerância”. Segundo ele, agora tem que ir para a hora da verdade. “Foram vários erros que cometeram. Não adianta chorar sobre o leito derramado. A Pfizer procurou o Ministério da Saúde em agosto e ofereceu 70 milhões de doses. Sabe qual foi a resposta? Nada. O ministério não disse nada. Nós agredimos a China. Qual o mal que a China faz ao Brasil? Ministros atacando. Não temos escolha, as vacinas são da China. O atraso foi consequência do nosso relacionamento internacional. Onde tem vacina os números estão caindo”, destacou.

“Está todo mundo indignado”

O senador piauiense, que já foi ministro da saúde no governo Dilma Rousseff, disse que o momento no Congresso é de comoção e revolta. O clima aumentou a pressão pela instalação de uma CPI para investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

“É um momento difícil aqui para nós do Senado. Está uma comoção muito grande. Está todo mundo arrasado, indignado e inconformado com a perda do nosso terceiro colega, o major Olímpio. Nós já havíamos perdido os senadores José Maranhão e Arolde de Oliveira. Com a morte dos dois houve uma comoção, mas houve uma certa tolerância por conta da idade, eram pessoas idosas, com mais de 80 anos, e se atribuía muito a questão da idade da pessoa. Mas agora o major Olímpio, que era militar, formado em educação física, um homem saudável e ia completar 59 anos. Isso mexeu com todo mundo”, afirmou Marcelo Castro.O parlamentar lembrou que antes de o senador morrer, líderes de partidos se reuniram com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, e o sentimento entre os parlamentares já era de comoção. Segundo Marcelo Castro, o Congresso deve se posicionar de forma mais firme daqui por diante.

“Antes de ele morrer fizemos uma reunião dos líderes dos partidos com o presidente da Casa para definirmos as pautas do ano, e eu representando o MDB. Foi uma reunião muito emotiva. Dois senadores choraram. É muita comoção e de agora em diante acredito que vá ter um trauma e um posicionamento muito mais firme do Congresso Nacional, em especial do Senado depois desse fato que jogou um choque de realidade e de que como está não pode ficar”, finaliza.

Hérlon Moraes
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